Pode
ser sapato, pode ser carro ou roupa. A partir do mês que vem, eles
querem regular a quantidade e o tipo de artigo a ser importado do Brasil.
Fevereiro vai começar com restrições aos produtos brasileiros
na Argentina. Sobrou para todos os setores. Os empresários brasileiros
estão preocupados com essas restrições. Quem acompanha as relações, nem
sempre amigáveis, entre Brasil e Argentina diz que a presidente Cristina
Kirchner está tentando dar fôlego para uma indústria cambaleante.
Trata-se de uma queda-de-braço com um de nossos maiores parceiros
comerciais.
Está decidido: a partir do mês que vem, cada importador argentino
terá de entregar uma lista prévia ao governo do país dizendo o que quer
comprar. O poder público vai autorizar ou não e ainda definir a
quantidade de produtos. Calçados, roupas, automóveis ou autopeças – tudo
pode ser atingido.
“Já estou pedindo uma audiência com a presidente Cristina Kirchner,
que está neste momento de licença por questão de saúde. Mas isso
claramente é uma forma de o governo argentino controlar as importações
argentinas do Brasil e de outros países também”, afirma Paulo Skaf,
presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Esta semana, o alvo foram as petroleiras, entre elas a Petrobras.
Ao todo, o governo argentino denunciou cinco empresas por suspeita de
formação de cartel nas vendas no atacado de óleo diesel.
“É uma medida protecionista. Uma medida que a gente chama de
não-tarifária e que todos os países usam. É defesa de concorrência
dizer: ‘Olha, eles estão montando um cartel, e isso é ruim para o país’.
Se eles conseguirem mostrar que o preço ficou maior do que era antes,
eles podem tomar medidas retaliatórias”, observa Simão Davi Silber,
professor de economia internacional da Universidade de São Paulo.
Desde o ano passado, a Argentina impõe barreiras para a entrada dos
produtos brasileiros. Antes as mercadorias brasileiras eram levadas
para o país vizinho sem burocracia. Havia uma licença de importação
automática, que foi suspensa. Agora os produtos precisam esperar por uma
autorização do governo argentino.
A espera por uma licença de importação deve ser de até dois meses,
segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas há casos em que os
empresários brasileiros estão tendo de aguardar até seis meses para
conseguir liberar a venda de um produto na Argentina. É a situação que
está vivendo o setor de calçados. Até a metade do mês passado, três
milhões de pares de sapatos permaneciam em armazéns argentinos, porque a
licença não saiu.
Mesmo impondo restrições, a Argentina continua sendo o terceiro
principal destino das exportações brasileiras. “Piorou a situação da
Argentina, a produção industrial da Argentina não está crescendo
adequadamente. Está tendo uma entrada de produto não só brasileiro, como
chinês. Então, eles estão tentando preservar e estimular a indústria
argentina. Para isso, como nós somos grandes exportadores para a
Argentina, nós somos a vítima preferida”, acrescenta o professor da USP,
Simão Davi Silber.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior informou
que tomou conhecimento da medida com preocupação e estabeleceu contato
com o governo argentino para melhor avaliar os possíveis impactos para
os exportadores brasileiros.
http://www.jornalfloripa.com.br/mundo/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=14127
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