Em ano de crise global, comércio exterior surpreende com
recordesExportações e importações alcançam níveis históricos em 2011, e
superávit de US$ 30 bi é o maior em quatro anos. Segundo governo, Brasil
é quem mais elevou vendas industriais. Apesar disso, primarização da
pauta avança, puxada por exportação de commodities à China. 2012 é
incógnita, e governo prepara medidas de estímulos.
André Barrocal
BRASÍLIA – Num ano em que as economias de Estados Unidos e Europa claudicaram e prejudicaram todo o planeta, o Brasil teve um desempenho comercial surpreendente. Elevou as exportações em mais de US$ 50 bilhões (ou 26%), colocando-se entre os quatro países de melhor performance no quesito. Foi o campeão de crescimento de vendas de produtos industrializados, área mais afetada pela “guerra cambial” que se viu em paralelo à crise global. Teve o maior superávit em quatro anos (US$ 30 bilhões).
Essa é a parte boa da história divulgada nesta segunda-feira (2) pelo ministério do Desenvolvimento, já de posse dos números definitivos do comércio exterior brasileiro em 2011. O reverso da moeda é que o país primarizou mais um pouco sua pauta de exportações, com aumento da fatia dos produtos básicos (agropecuários e extrativistas; em suma, commodities).
E, até por consequência disso, houve uma ampliação da dependência do mercado da China, voraz consumidora de commodities que sinaliza uma desaceleração econômica em 2012 a qual contribui para o Brasil começar o ano em dúvida sobre seu desempenho comercial, a ponto de o governo não ter divulgado uma meta de exportações, como costuma fazer.
Em 2011, o Brasil teve números recordes no comércio exterior, todos com variações na casa de 25% – exportações (US$ 256 bilhões), importações (US$ 226 bilhões) e fluxo comercial (US$ 482 bilhões). O saldo de US$ 30 bilhões foi o mais elevado desde 2007, ano pré-crise de 2008 que até hoje provoca estragos pelo mundo.
Em janeiro de 2011, o chamado “mercado”, que o Banco Central consulta toda semana sobre uma série de indicadores, havia previsto que o país terminaria o ano com lucro de US$ 8 bilhões na balança comercial. Um pequeno erro na de uns 300%…
O próprio governo foi surpreendido, no entanto. Há um ano, o ministério do Desenvolvimento apostava que as exportações em 2011 totalizariam US$ 228 bilhões.
Em café da manhã de fim de ano com jornalistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia avaliado, no dia 22 de dezembro, que o Brasil tinha ido “muito bem” no comércio exterior, valendo – para ele – destacar que 2011 foi um “ano de grande disputa comercial”.
A tese foi reforçada pela secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, que, ao divulgar os dados neste segunda (2), disse que o Brasil teve, “sem dúvida”, “um ano excepcional para o comércio exterior”.
Segundo dados parciais sobre outros países de uma lista pré-selecionada de concorrentes pelo governo, o Brasil foi o quarto que mais aumentou suas exportações em 2011 (27%). Perdeu para dois parceiros de BRICs (Rússia e Índia) e para Austrália.
Indústria
Um dado particularmente enfatizado pelo governo, foi o fato de o Brasil ter sido o campeão de crescimento das exportações de produtos industriais em 2011. O Brasil teria elevado em 19% suas vendas de manufaturas, enquanto os EUA teriam incrementado em 12% e a Alemanha, em 10%.
O setor industrial é o que mais sente os efeitos da crise econômica global, pois é nele que os países mais acirram a concorrência, com medidas protecionistas e de busca por mercados no exterior que compensem a expansão contida internamente pela crise.
Para fazer frente a essa situação, o governo adotou medidas igualmente protecionistas e de incentivo comercial ao longo de 2011. E deve reforçar tal estratégia, com novas medidas ainda neste trimestre, segundo o secretário-executivo do ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira.
O setor industrial brasileiro sofreu ainda com o preço do dólar, considerado barato demais, em meio a uma “guerra cambial”. Mas algumas medidas adotadas pelo governo em 2011 também tiveram o poder de frear o barateamento da moeda norte-americana, e esse foi um dos motivos apontados pelo ministro da Fazenda, ainda em dezembro, para o que se mostraria um surpreendente desempenho comercial em 2011.
Mas Guido Mantega também admitiu, naquele café, que as chamadas commodities foram decisivas para o bom resultado em 2011. No ano passado, o Brasil primarizou um pouco mais sua pauta de exportações. Os produtos básicos, que em 2010 representavam 44% do total das exportações, tiveram crescimento de 36% e chegaram a 48% da pauta. Já os manufaturados subiram 16% e, assim, caíram de 39% para 36% da pauta.
Segundo o ministério do Desenvolvimento, 2012 deverá ser um ano de mais guerra cambial, derrapagens econômicas nos EUA e na Europa e desaceleração da China. Por isso, enxerga um ano turvo, sobre o qual prefer não fazer previsões.
Segundo o “mercado” ouvido pelo BC semanalmente e a Confederação Naconal da Indústria (CNI), as exportações vão crescer de novo em 2012, ainda que em ritmo menor. Já a Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB) prevê queda.
Correio do Brasil
André Barrocal
BRASÍLIA – Num ano em que as economias de Estados Unidos e Europa claudicaram e prejudicaram todo o planeta, o Brasil teve um desempenho comercial surpreendente. Elevou as exportações em mais de US$ 50 bilhões (ou 26%), colocando-se entre os quatro países de melhor performance no quesito. Foi o campeão de crescimento de vendas de produtos industrializados, área mais afetada pela “guerra cambial” que se viu em paralelo à crise global. Teve o maior superávit em quatro anos (US$ 30 bilhões).
Essa é a parte boa da história divulgada nesta segunda-feira (2) pelo ministério do Desenvolvimento, já de posse dos números definitivos do comércio exterior brasileiro em 2011. O reverso da moeda é que o país primarizou mais um pouco sua pauta de exportações, com aumento da fatia dos produtos básicos (agropecuários e extrativistas; em suma, commodities).
E, até por consequência disso, houve uma ampliação da dependência do mercado da China, voraz consumidora de commodities que sinaliza uma desaceleração econômica em 2012 a qual contribui para o Brasil começar o ano em dúvida sobre seu desempenho comercial, a ponto de o governo não ter divulgado uma meta de exportações, como costuma fazer.
Em 2011, o Brasil teve números recordes no comércio exterior, todos com variações na casa de 25% – exportações (US$ 256 bilhões), importações (US$ 226 bilhões) e fluxo comercial (US$ 482 bilhões). O saldo de US$ 30 bilhões foi o mais elevado desde 2007, ano pré-crise de 2008 que até hoje provoca estragos pelo mundo.
Em janeiro de 2011, o chamado “mercado”, que o Banco Central consulta toda semana sobre uma série de indicadores, havia previsto que o país terminaria o ano com lucro de US$ 8 bilhões na balança comercial. Um pequeno erro na de uns 300%…
O próprio governo foi surpreendido, no entanto. Há um ano, o ministério do Desenvolvimento apostava que as exportações em 2011 totalizariam US$ 228 bilhões.
Em café da manhã de fim de ano com jornalistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia avaliado, no dia 22 de dezembro, que o Brasil tinha ido “muito bem” no comércio exterior, valendo – para ele – destacar que 2011 foi um “ano de grande disputa comercial”.
A tese foi reforçada pela secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, que, ao divulgar os dados neste segunda (2), disse que o Brasil teve, “sem dúvida”, “um ano excepcional para o comércio exterior”.
Segundo dados parciais sobre outros países de uma lista pré-selecionada de concorrentes pelo governo, o Brasil foi o quarto que mais aumentou suas exportações em 2011 (27%). Perdeu para dois parceiros de BRICs (Rússia e Índia) e para Austrália.
Indústria
Um dado particularmente enfatizado pelo governo, foi o fato de o Brasil ter sido o campeão de crescimento das exportações de produtos industriais em 2011. O Brasil teria elevado em 19% suas vendas de manufaturas, enquanto os EUA teriam incrementado em 12% e a Alemanha, em 10%.
O setor industrial é o que mais sente os efeitos da crise econômica global, pois é nele que os países mais acirram a concorrência, com medidas protecionistas e de busca por mercados no exterior que compensem a expansão contida internamente pela crise.
Para fazer frente a essa situação, o governo adotou medidas igualmente protecionistas e de incentivo comercial ao longo de 2011. E deve reforçar tal estratégia, com novas medidas ainda neste trimestre, segundo o secretário-executivo do ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira.
O setor industrial brasileiro sofreu ainda com o preço do dólar, considerado barato demais, em meio a uma “guerra cambial”. Mas algumas medidas adotadas pelo governo em 2011 também tiveram o poder de frear o barateamento da moeda norte-americana, e esse foi um dos motivos apontados pelo ministro da Fazenda, ainda em dezembro, para o que se mostraria um surpreendente desempenho comercial em 2011.
Mas Guido Mantega também admitiu, naquele café, que as chamadas commodities foram decisivas para o bom resultado em 2011. No ano passado, o Brasil primarizou um pouco mais sua pauta de exportações. Os produtos básicos, que em 2010 representavam 44% do total das exportações, tiveram crescimento de 36% e chegaram a 48% da pauta. Já os manufaturados subiram 16% e, assim, caíram de 39% para 36% da pauta.
Segundo o ministério do Desenvolvimento, 2012 deverá ser um ano de mais guerra cambial, derrapagens econômicas nos EUA e na Europa e desaceleração da China. Por isso, enxerga um ano turvo, sobre o qual prefer não fazer previsões.
Segundo o “mercado” ouvido pelo BC semanalmente e a Confederação Naconal da Indústria (CNI), as exportações vão crescer de novo em 2012, ainda que em ritmo menor. Já a Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB) prevê queda.
Correio do Brasil
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